Resumo
O Brasil é o país com o maior rebanho bovino comercial, e com isso, surge a necessidade de aprimorar cada vez mais a eficiência dos processos envolvidos neste setor. Para isso são utilizadas biotécnicas aplicadas à reprodução, como a criopreservação. Buscando evitar os danos causados por esta técnica, são utilizados diluidores seminais. Todavia, os diluidores padrão rotineiramente utilizados possuem ingredientes de origem animal, como a gema de ovo e o leite desnatado. Estes são de difícil padronização e apresentam risco de contaminação. Têm-se então um grande interesse no desenvolvimento de diluidores de origem vegetal. A laranja é uma fruta rica em metabólitos secundários, como carboidratos e compostos fenólicos, estes estão relacionados à sua atividade antioxidante. No Brasil, a laranja-pera (Citrus sinensis (L.) Osbeck) é variedade cítrica mais importante e seu uso pela indústria de sucos gera toneladas de resíduos agrícolas, principalmente provenientes de sua casca. Este trabalho busca utilizar de forma alternativa a casca de laranja pera, resíduo com possíveis potenciais bioativos, para produção de extrato bruto. Estes podem ser benéfico dentro da formulação de um diluidor seminal devido as suas características antioxidantes e antimicrobianas. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o uso do extrato etanólico da casca na produção de um novo diluidor para a conservação de espermatozoides bovinos. Foi obtido o extrato etanólico da casca de laranja e caracterizado quanto à sua composição fitoquímica, potencial antioxidante e atividade antimicrobiana. Após obtenção, o extrato etanólico foi incluído em diluidores de congelação para espermatozoides, com ou sem a presença da gema de ovo e adição de 10 e 20% deste extrato. Os resultados demonstraram que o extrato etanólico da casca de laranja apresenta alcaloides, esteroides, taninos e flavonoides, além de alta concentração de açúcares redutores e potencial antioxidante, contudo, as avaliações espermáticas indicaram que não houve diferença entre o diluidor padrão adicionado do extrato e o diluidor padrão sozinho. Diante destes resultados, conclui-se que o extrato etanólico da casca de laranja deve ser melhor avaliado quanto ao seu potencial crioprotetor em células espermáticas de bovinos.
DOI:https://doi.org/10.56238/sevened2024.032-015