Resumo
A concussão refere-se a um estado fisiopatológico resultante de um traumatismo crânio-encefálico leve. Trata-se de uma lesão cerebral funcional, não estrutural, caracterizada por alterações na função cerebral após um golpe súbito na região cefálica, facial ou cervical. As forças rotacionais e de aceleração, especialmente na região frontotemporal e em crianças, aumentam o risco de lesões cerebrais difusas. As principais causas de concussão incluem acidentes domésticos e automobilísticos, quedas, esportes e violência. Desde o ano 2000, houve um aumento significativo no diagnóstico de concussão em jovens, principalmente durante a prática desportiva. A concussão é uma questão de saúde pública mundial devido a sua prevalência e por afetar a qualidade de vida a longo prazo. Estima-se que até 1,9 milhão de atletas jovens sofrem concussão anualmente, destes 50% são concussões na população infantil. Contudo, cerca de 10% enfrentam recuperação prolongada, com possíveis complicações como enxaqueca pós-traumática e déficits neurocognitivos. Os sintomas comuns incluem cefaleia, desorientação, tontura, vertigem, desequilíbrio corporal e alterações de memória, sendo que a região cerebral afetada está intimamente relacionada com as manifestações clínicas. O diagnóstico em crianças é desafiador, pois muitos sintomas podem ser sutis ou subestimados. O tratamento inicial envolve sono adequado, repouso físico e cognitivo por 24 a 48 horas, seguido por um retorno gradual e individualizado. A avaliação do sistema vestibular é fundamental, pois cerca de 25% dos casos de tontura pediátrica estão associados à pós concussão. A reabilitação da função vestibular, com exercícios personalizados, é recomendada para pacientes com sintomas persistentes. O manejo deve ser multidisciplinar em todos os estágios da evolução clínica, com um direcionamento clínico atento, qualificado e que considere as alterações vestibulares pós-concussão.
DOI:https://doi.org/10.56238/sevened2024.031-053