Travestis brasileiras, imigrantes e trabalhadoras sexuais em Portugal e na Europa. Uma trilogia da discriminação subalternizante. Estruturalismo ou capacidade agencial do sujeito?

Autores

  • Francisco José Silva do Amaral Luís

Palavras-chave:

Identidade, Travesti, Estrutura, Performatividade, Migrações, Trabalho sexual.

Resumo

Este artigo busca aprofundar o papel dos poderes estruturais e infraestruturais na coprodução de identidades, por meio de um exercício tacitamente delegado nas instituições de socialização, passivo ou negociado por seus destinatários. Nesse contexto, há autores que organizaram suas carreiras acadêmicas acentuando outra perspectiva de abordagem, comumente conhecida como estruturalismo ou agência de sujeitos. O estruturalismo, como seu nome indica, vem da estrutura e encontra no discurso e em sua ação modeladora do comportamento um de seus meios privilegiados. A capacidade de agência e autodeterminação dos sujeitos, por sua vez, baseia-se em um argumento que visa fundamentar a relevância da performatividade como sendo ela própria, simultaneamente, consequência e fonte do discurso, mantendo com ele uma estreita relação de reciprocidade dialogicamente condicionante. Nesse quadro, procuraremos analisar autores que assumem uma ou outra posição teórica, tendo como referência não só a sua bibliografia, mas também o estudo de caso de Travestis brasileiros que, a certa altura, ponderaram emigrar para Portugal com o intuito de se dedicarem à atividade profissional que exercem na indústria do sexo, tentando alcançar, tal como outros migrantes, melhores condições de vida. Para tanto, utilizamos a observação participante e não-participante - por meio de entrevistas semidiretivas -, bem como analisamos a evolução das relações de gênero, historicamente muito hierarquizadas. A questão fundamental que levantamos é se a expressão de gênero, a atividade desenvolvida e o projeto migratório empreendido pelas travestis brasileiras estão situados no âmbito de constrangimentos sociais que as pressionaram a fazê-lo, ou se, ao contrário, tais fenômenos ocorrem tendo como origem fundamental sua capacidade agencial dentro da superestrutura, ou ainda, se resultam de combinações sociais diversas entre ambos os polos de abordagem.

DOI: https://doi.org/10.56238/sevenVImulti2024-016

Publicado

2024-06-20