Resumo
Registrada pelo menos desde a década de 1960, a aproximação da História com a Linguística e a Antropologia passou a dialogar com mais intensidade em pesquisas de caráter histórico. Com os pressupostos metodológicos introduzidos pela Escola dos Annales, as mais diversas linguagens tornaram-se objetos privilegiados para análise, vistas cada vez mais como metáforas da realidade. Os variados discursos (escritos, orais, arquitetônicos, urbanísticos, iconográficos, musicais, gestuais e rituais) passaram a ser decodificados com maior frequência, procurando-se apreender seus elementos de tensão social e seus sentidos históricos, sua produção e sua circulação num dado meio social. A partir dessa variedade de fontes, novas ferramentas analíticas passaram a fornecer instrumentos do fazer historiográfico como, por exemplo, o método da “Análise de Conteúdo” de Laurence Bardin. Partindo da premissa de que a historiografia é o resultado da reflexão sobre a natureza do histórico, são nas entrelinhas dos discursos das fontes que o historiador é capaz de calcular as frequências fornecidas pelos dados cifrados, o que torna possível a extração de categorias e modelos, num processo “hermenêutico controlado”. Este artigo convida a comunidade acadêmica a refletir sobre tais metodologias e a importância delas para a análise dos tipos de discursos utilizados como fontes na historiografia.
DOI:https://doi.org/10.56238/sevened2024.029-036