Um novo sistema de pontuação para reduzir o viés no treinamento de microcirurgia placentária

Resumo

Objetivo: As habilidades manuais necessárias para intervenções microcirúrgicas atingiram um nível de complexidade que representa um desafio significativo para os profissionais. A avaliação e validação dessas competências tornaram-se um aspecto fundamental dos programas de treinamento, com a responsabilidade implícita de estabelecer metodologias específicas e eficientes, bem como a devida validação das habilidades adquiridas. É de suma importância que um programa de treinamento seja livre de preconceitos, principalmente em relação aos detalhes do simulador selecionado. A fim de fornecer melhor qualidade de treinamento e resultados precisos, este artigo apresenta uma abordagem nova e lógica para classificar um simulador placentário.

Método: Um protocolo de treinamento microcirúrgico padronizado, previamente publicado na literatura, foi realizado com a adição de uma nova variável para avaliação da qualidade vascular e mensuração do nível de dificuldade do simulador (SDL). Essa avaliação de qualidade também pretendia servir como uma compreensão abrangente do nível de dificuldade atual do simulador específico, permitindo que o operador ajustasse um nível adequado de cautela e sutileza. Posteriormente, foi realizada uma análise estatística para examinar o impacto do SDL nas principais variáveis do protocolo.

Resultados: Trinta e quatro placentas foram utilizadas para sessenta e três procedimentos. O tempo diminuiu de 42 minutos (primeira tentativa) para 21 minutos (tentativa número 47). Em seguida, um nível de platô foi alcançado com pequenas variações no tempo. A taxa de erros também diminuiu de uma média de 35% de erros graves para 12,25%. Mesmo após atingir o nível de platô, tanto o tempo quanto os erros apresentaram variações irregulares e pequenas.

Para 21 amostras classificadas como Alta dificuldade (HD), o escore de erro foi de 53, com média de 2,52. Para 31 amostras classificadas como dificuldade Regular (RD), contabilizou 24, média de 0,77. Para 11 amostras classificadas como Baixa dificuldade (LD), contabilizaram 6, média de 0,54. Esses resultados foram confirmados após a filtragem apenas para "primeiro procedimento naquele simulador".

Além disso, verificou-se que uma segunda tentativa no mesmo simulador era sempre mais de qualidade (menos erros cometidos) e mais rápida (menos tempo para atingir o objetivo).

Conclusão: O escore SDL (avaliado pela medida das variáveis vasculares e perivasculares) demonstrou a concordância esperada com o tempo gasto e os erros cometidos. A pontuação SDL e sua interpretação podem ser efetivamente empregadas para reduzir o viés e justificar a variância resultante de pequenas discrepâncias no simulador. 

Detalhes sobre variações regulares (decorrentes dos substratos biológicos usados como simuladores e/ou cenários cirúrgicos reais) devem ser levados em consideração ao avaliar a eficácia dos procedimentos microcirúrgicos.

DOI:https://doi.org/10.56238/sevened2024.025-032