Resumo
Introdução: A estenose vaginal (EV) é uma complicação frequente e clinicamente relevante nas pacientes submetidas a radioterapia (RT) pélvica. Objetivo: Analisar as orientações dadas por médicos radio-oncologistas (MRT) e enfermeiros (ERT) sobre EV pós RT no Brasil. Métodos: Estudo transversal por meio de questionário enviado via e-mail a MRT e a ERT atuantes em Radioterapia no Brasil em 2020. Resultados e Discussão: 59 MRT e 20 ERT responderam ao questionário, a maior parte atuante na região sudeste, o que representa 9,1% do esperado considerando os dados do relatório RT2030 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). Todos os ERT e 98,3% (n=58) dos MRT consideram a orientação pós RT muito importante, fato corroborado pela literatura (BAKKER et al., 2017; WHITE; FAITHFULL, 2006). 45,8% (n=27) dos MRT e 50% (n=10) dos ERT baseiam-se em protocolo institucional e para patologias ginecológicas, não incluindo sítios primários de reto e canal anal (MATOS et al., 2019; MILES, 2012). 40% (n=8) dos ERT possuem treinamento formal sobre o tema, a maior parte por curso de curta duração ou treinamento no próprio serviço de atuação; a média sobre o grau de segurança dos ERT em transmitir as orientações foi de 7,2, numa escala de 1 a 10 e as razões para a nota foram geralmente relacionadas à falta de um curso em âmbito nacional. A maioria dos ERT orientam retorno às atividades sexuais, sem período definido, com rotina de prática dos exercícios entre 1 e 3 vezes por semana, utilizando dilatadores de silicone, próteses, espéculos ou seringas. A orientação sobre EV é feita ao final do tratamento, em sala privativa, acompanhada ou não pelo parceiro da paciente e, na maioria dos serviços, é fornecido material informativo. 67,8% (n=40) dos MRT e 15% (n=3) dos ERT fazem seguimento das pacientes pós RT pélvica; os MRT analisam e registram o grau de estenose no seguimento, sendo que 39% (n=23), quantificam a EV por meio de polpas digitais, espéculo ou cilindros. Apesar da falta de critério para descrever a EV, a utilização da escala de critérios de toxicidade CTACE é indicada (ROUTLEDGE, 2003). Conclusão: O consenso brasileiro sobre estenose vaginal norteia as práticas, mas ainda é necessário investir em capacitação das equipes atuantes na reabilitação pélvica pós radioterapia (MATOS et al., 2019). O seguimento das pacientes com equipe multiprofissional, primordialmente com a enfermagem, é fato decisivo na adesão às orientações (BAKKER et al., 2017; WHITE; FAITHFULL, 2006). Os dados, ainda que pontuais, sugerem que haja a organização de condutas, busca por materiais de apoio e adaptação dos tipos de dilatadores no processo de reabilitação pélvica.
DOI:https://doi.org/10.56238/sevened2024.021-005