Resumen
Introdução: Embora os programas de Reabilitação Cardíaca (RC) promovam benefícios como redução de mortalidade e das taxas de internação em pacientes com doenças cardiovasculares, eles continuam subutilizados, especialmente na rede pública. Objetivos: Caracterizar o conhecimento e a percepção dos administradores de hospitais públicos e privados em relação a RC, às atitudes e a percepção dos coordenadores de programas de RC públicos e privados, além dos fatores que influenciam a participação dos usuários da rede pública e privada nestes programas em Juiz de Fora. Materiais e Métodos: Administradores hospitalares, coordenadores dos programas de RC e usuários, foram convidados a responder um questionário pré-estruturado específico para cada um deles. Os dados coletados dos administradores e coordenadores foram submetidos à análise estatística exploratória, enquanto a comparação entre usuários participantes da RC vs. não participantes foi realizada por meio do teste de Mann-Whitney (p < 0,05). Resultados: Ainda que todos os administradores tenham classificado suas percepções acerca da RC como importante ou extremamente importante, 40% deles têm baixo conhecimento sobre suas implicações e 60% desconhecem a existência de programas de RC próximos ao hospital onde trabalham. Os programas investigados oferecem atendimento apenas nas fases 2, 3 e 4 da RC, embora 40% sejam setores de hospitais. Fatores relacionados a 1) comorbidades e estado funcional, 2) percepção da necessidade, 3) problemas pessoais e familiares e 4) acesso foram mais pontuados como barreiras para participação em programas de RC pelos pacientes que não participam destes em comparação àqueles que participam (mediana = 16 vs. 14, p<0,001; 14 vs. 10, p<0,001; 7 vs. 6, p<0,001, 10 vs. 8, p<0,001). Conclusões: Os achados deste estudo apontam para uma inconsistência entre o reconhecimento da importância da RC e a falta de conhecimento sobre seus benefícios pelos administradores de hospitais, a inexistência de atendimento na fase 1 da RC, bem como barreiras relacionadas à educação em saúde e acessibilidade de pacientes aos programas, indicando a necessidade de ações estratégicas que culminem com o estabelecimento de um fluxo adequado de encaminhamento e atendimento de pacientes em programas de RC em Juiz de Fora.
DOI:https://doi.org/10.56238/ciemedsaudetrans-027