Abstract
Queremos discutir neste artigo duas questões chaves relacionadas com o trabalho nas plataformas digitais: como é possível manter o controle despótico do trabalho dos/das entregadores/entregadoras e motoristas de aplicativos através dos algoritmos e ao mesmo tempo conseguir desses trabalhadores e trabalhadoras que “emprestem” seus instrumentos de trabalho (carro, moto, celular, internet) para a realização dos lucros das grandes empresas. Chamamos esse fenômeno de dupla expropriação do capital. Partimos num primeiro momento de nossa pesquisa de uma revisão da bibliografia do fenômeno da uberização, tendo como base a quarta revolução industrial ou revolução 4.0, bem como dos movimentos desse proletariado digital que tentam quebrar o poder despótico do aplicativo. Num segundo momento fizemos uma pesquisa de campo com a aplicação de 150 formulários para analisar esta dupla expropriação a partir da voz dos trabalhadores e trabalhadoras, e também duas entrevistas com representantes sindicais e de entregadores, assim como entrevista com alguns trabalhadores de aplicativos. Nossa conclusão é que essa dupla expropriação que é feita de trabalhadores(as) de aplicativos é parte de um processo objetivo gestado pelo modo de produção capitalista a partir de sua crise de 2007/2009, e que, para sair dessa crise aprofunda a precarização e exploração do trabalho, com novas reestruturações improdutivas, reformas trabalhistas e privatizações, expropriando os empregos nos setores produtivos e no serviço público para criar um exército de sub-empregados e/ou desempregados “livres” para a cobiça das grandes corporações e empresas das plataformas digitais, que tem no controle despótico dos algoritmos e na intensificação ao extremo da jornada de trabalho, uma fusão do regime taylorista com o toyotismo, algo que chamamos de tayotismo.
DOI: https://doi.org/10.56238/sevened2025.011-050