Abstract
Os agravos à saúde mental constituem-se como problema de saúde pública em âmbito global, sendo o Brasil, o país com maior prevalência de depressão, além de ser o segundo com maior prevalência nas Américas (OMS, 2022). Entretanto, os agravos a saúde mental não ocorrem de forma homogênea em toda a população, estando as populações mais vulneráveis do ponto de vista social, à mercê de processo de morbimortalidade mais acentuado. Nessa perspectiva, a população negra remanescente de quilombos, interseccionada pelo racismo sistêmico, invisibilidade e desigualdades sociais estão mais propensas ao desenvolvimento e incidência agravos a saúde mental. O objetivo deste estudo foi evidenciar na literatura científica brasileira o impacto a saúde mental das pessoas negras remanescentes em quilombos. Trata-se de estudo de revisão integrativa de literatura, de abordagem qualitativa. Utilizou-se a estratégia PICO para desenvolver o estudo. Foi estabelecida a pergunta norteadora: quais as evidências científicas sobre o impacto da saúde mental na população remanescente de quilombo no Brasil? As plataformas utilizadas para pesquisa foram o Google Acadêmico e Scientific Electronic Library Online (Scielo), com os descritores: "saúde mental", "população negra" e “quilombola", utilizando o operador boleano AND. Para análise da amostra, seguiram-se as etapas da leitura analítica, crítica e detalhada dos textos. 04 estudos foram excluídos ao serem aplicados os critérios de inclusão e exclusão e 04 foram utilizados para compor o presente estudo. Os resultados apontaram que os indicadores sociais e econômicos estão relacionados à saúde e ao bem-estar mental dos indivíduos. Dessa forma, a população negra pertencentes às comunidades quilombolas carregam os piores indicadores quando se pensa em acesso, morbidade e mortalidade por diversos agravos a as´pude, sobretudo no tocante a saúde mental. O processo de escravização e depois de abandono por políticas sociais oprime essa população a tal ponto que compromete sua sobrevivência e estratégias de encarara a vida. O racismo estrutural atravessa os condicionantes de vida e saúde dessa população. Ademais, por se tratar de um grupo minoritário dentro da população negra brasileira, que enfrenta desigualdades sociais, econômicas e raciais, destaca-se a lacuna existente de dados e estudos que tratem dessa temática, apontando uma invisibilidade epistemológica em torno da sua dinâmica e as consequências na saúde dessa população. Por fim, a necessidade de fortalecimento da política de atenção à saúde da população negra remanescente em quilombos no Brasil.
DOI:https://doi.org/10.56238/sevened2024.039-001