Caracterização e geoespacialização dos casos notificados de hanseníase nos estados norte e nordeste entre os anos de 2019 a 2023

Autores

  • Myllena Farias Oliveira Guimarães
  • Anne Carolina Lima dos Santos
  • Aline Cicilia Oliveira dos Santos Guimarães
  • Bruna Peixoto Girard
  • Juliana Sofia Silva Vieira
  • Alba Letícia Peixoto Medeiros
  • Bibiana Ferrari de Mello Ritter
  • Joana Ribeiro dos Santos Cavalcanti
  • Juan Jose Mamani Anze

Palavras-chave:

Hanseníase, Epidemiologia, Brasil

Resumo

INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium leprae, acometendo principalmente pele e/ou nervos periféricos. Ela  pode afetar praticamente todos os órgãos e sistemas em que existam macrófagos, exceto o sistema nervoso central. Evolui de maneira crônica, podendo apresentar períodos de agudização denominados reações. É potencial- 40 1 Micobacterioses mente incapacitante e, embora curável, seu diagnóstico causa grande impacto psicossocial, pelos preconceitos e estigmas que a envolvem desde a antiguidade. A OMS define como caso de hanseníase aquela pessoa que apresente uma ou mais das seguintes características: ( 1) lesão(ões) de pele com alteração da sensibilidade; (2) acometimento de nervo(s) com espessamento neural; (3) baciloscopia positiva para M. leprae (no entanto, a baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico).

OBJETIVO: Descrever o perfil epidemiológico das notificações de Hanseníase nas regiões do Norte e Nordeste. MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, com base em dados de casos notificados de Hanseníase no período entre janeiro de 2019 a dezembro de 2023 no Norte e Nordeste, os quais foram coletados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), a partir de notificações realizadas pelo serviço de saúde local e armazenadas no programa TABNET. Após a obtenção dos dados, avaliou-se as variáveis: total de casos notificados, unidade de federação de residência, faixa etária, sexo, forma clínica da doença e quantidade de lesões provocadas. Para avaliação dessas variáveis, foram realizadas análises estatísticas e, posteriormente, representadas em gráficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO: No período selecionado foram notificados 72.430 casos de hanseníase nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, sendo 55.849 casos novos. O maior número de notificações ocorreu em em 2019 (n=22.286) e em 2022 (n=16.095), mas com um declínio significativo em 2023 (n=3.427). A população adulta entre 20 a 59 anos) detém a maioria dos casos (n=46.471) e os indivíduos do sexo masculino foram relativamente mais acometidos (n=42.823) que as mulheres. Além disso, a ocorrência de casos com a manifestação de mais de 5 lesões ( (n=27807) foi a mais comum e a principal forma clínica visualizada foi a dimorfa(n=35.074). Há uma possível deficiência dos meios de diagnóstico da doença e de baixa efetividade das ofertas das ações de vigilância de contatos de hanseníase, uma vez que a redução dos dados registrados em 2023 não condizem com a realidade vivenciada cotidianamente, em que o desconhecimento, a manutenção de estigmas e as falhas operacionais nos cuidados de saúde e na vigilância da hanseníase são, provavelmente, responsáveis pelo subdimensionamento da carga endêmica das regiões Norte e Nordeste. CONCLUSÃO: Os números apresentados pelo DATASUS não condizem com a atual realidade dos pacientes acometidos pela doença, visto que alguns casos estão sendo subnotificados. São necessárias estratégias para educar a comunidade e combater o estigma, sem esquecer, portanto, de melhorias no acesso aos serviços de saúde.

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Publicado

2024-07-25

Edição

Seção

Articles