EFICÁCIA DO PROTOCOLO ERAS (ENHANCED RECOVERY AFTER SURGERY) NA RECUPERAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA DE CIRURGIAS ABDOMINAIS: REVISÃO SISTEMÁTICA
Palavras-chave:
Cirurgias Abdominais, Protocolo ERAS, Pós-operatórioResumo
Introdução: A recuperação pós-operatória é um desafio significativo em cirurgias abdominais devido às complicações associadas ao trauma cirúrgico. O protocolo Enhanced Recovery After Surgery (ERAS) foi desenvolvido como uma abordagem multimodal para otimizar o manejo perioperatório, reduzir complicações e acelerar a alta hospitalar. No entanto, a variabilidade dos resultados entre diferentes tipos de cirurgia e populações de pacientes sugere a necessidade de uma revisão sistemática para consolidar as evidências disponíveis. Metodologia: Esta revisão sistemática seguiu as diretrizes PRISMA para a seleção de artigos, utilizando o acrônimo PICO para formular a pergunta de pesquisa: “O protocolo ERAS é eficaz na recuperação pós-operatória de pacientes submetidos a cirurgias abdominais em comparação ao cuidado convencional?”. A busca foi realizada em bases de dados como PubMed, Cochrane e SciELO, incluindo ensaios clínicos randomizados e estudos de coorte publicados nos últimos dez anos. A qualidade metodológica dos artigos foi analisada com base em critérios estabelecidos, sendo a concordância entre revisores avaliada pelo índice Kappa. Resultados: Os estudos analisados demonstraram que a aplicação do protocolo ERAS está associada a uma redução significativa do tempo de internação hospitalar, variando entre 2,5 a 3,5 dias em comparação ao grupo controle. Em cirurgias gastrointestinais, a taxa de complicações foi 15% no grupo ERAS contra 30% no grupo controle. Em procedimentos como hepatectomias, a adoção do protocolo resultou em uma diminuição de complicações pós-operatórias e um tempo de internação reduzido (p < 0,001). No entanto, algumas cirurgias, como histerectomias e pancreatoduodenectomias, não apresentaram diferenças significativas entre os grupos. A taxa de readmissão hospitalar apresentou achados conflitantes, sendo reduzida em alguns estudos, mas sem diferença estatística em outros. Discussão: Os achados confirmam que o protocolo ERAS tem um impacto positivo na redução de complicações pós-operatórias, tempo de hospitalização e melhora da recuperação funcional. Os benefícios observados são atribuídos a estratégias como mobilização precoce, manejo otimizado da analgesia e redução no uso de opioides. No entanto, a variabilidade dos resultados entre diferentes tipos de cirurgia sugere que a eficácia do ERAS depende da complexidade do procedimento e do estado clínico do paciente. Além disso, a taxa de readmissão hospitalar ainda não apresenta um consenso claro, o que reforça a necessidade de estudos com acompanhamento prolongado para avaliar a segurança do protocolo. Conclusão: A revisão sistemática demonstra que o protocolo ERAS é eficaz na recuperação pós-operatória de cirurgias abdominais, especialmente em procedimentos gastrointestinais e hepáticos. Entretanto, sua aplicabilidade deve ser ajustada conforme a complexidade cirúrgica e as condições individuais do paciente. A heterogeneidade dos estudos analisados destaca a importância de ensaios clínicos randomizados robustos e estudos de longo prazo para refinar a implementação do ERAS e consolidar suas vantagens clínicas.
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