Resumo
As aflatoxinas (AFs), metabólitos secundários produzidos por fungos do gênero Aspergillus spp., são reconhecidas mundialmente como um problema de saúde pública devido ao seu potente efeito carcinogênico, hepatotóxico e imunossupressivo. A contaminação por aflatoxinas em crianças é especialmente preocupante, dado os impactos negativos sobre a saúde, o desenvolvimento e a qualidade de vida. Este estudo teve como objetivo validar o ensaio imunoenzimático competitivo indireto (ic-ELISA) para análise de aflatoxina B1 (AFB1) em urina, bem como avaliar o nível dessa micotoxina em 150 amostras de urina de crianças residentes em Londrina, Paraná, Brasil. Os parâmetros de desempenho analítico avaliados na validação incluíram especificidade (interferência de matriz e comparação de curvas com e sem matriz), exatidão (teste de recuperação), precisão (repetibilidade e precisão intermediária), robustez, sensibilidade, linearidade, limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ). Na validação intralaboratorial, a interferência de matriz foi analisada com fatores de diluição de 2, 5 e 10 vezes, sendo a diluição de 5 vezes selecionada para prosseguir. As curvas padrão preparadas na presença e ausência de matriz não apresentaram diferenças significativas na porcentagem de ligação entre os seis pontos analisados (p > 0,05). A taxa média de recuperação para amostras de urina contaminadas com AFB1 em concentrações de 1,0; 2,5 e 5,0 ng/mL foi de 100,00 ± 8,71%, 90,00 ± 2,00% e 93,66 ± 1,52%, respectivamente. Os coeficientes de variação dos parâmetros de precisão foram inferiores a 15%. A equação de regressão obtida a partir de sete curvas padrão foi y=−14,89ln(x)+61,234y = -14,89 \ln(x) + 61,234y=−14,89ln(x)+61,234, com um coeficiente de determinação (R²) superior a 0,99. O LD foi de 0,096 ng/mL e o LQ de 0,115 ng/mL. A AFB1 foi detectada em 39,3% das amostras analisadas, com concentrações variando de 0,13 a 9,40 ng/mL e uma média de 1,63 ± 1,57 ng/mL. Com base nos resultados obtidos, o ic-ELISA validado mostrou-se adequado para a determinação de AFB1 em urina infantil. Os dados preliminares sugerem que o nível de contaminação por aflatoxinas em crianças na região de Londrina, Paraná, Brasil, é baixo.
DOI:https://doi.org/10.56238/sevened2024.037-054