Resumo
Desde meados dos anos 2000, os smartphones passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas. Crianças facilmente possuem mais registros audiovisuais em um ano do que seus antepassados têm em uma vida inteira, sendo isso uma das consequências da constante evolução das capacidades multimídia dos telefones celulares. Com isso, é cada vez mais comum ver pessoas com dependência comportamental por seus dispositivos. Os estudos apontam que os jovens são mais propensos a esse quadro. Diante desse cenário, como se dá o comportamento de dependência de smartphone dos universitários das Instituições Públicas de Ensino Superior do Brasil? Para responder essa questão, objetiva-se analisar o comportamento de dependência de smartphone dos universitários das Instituições Públicas de Ensino Superior do Brasil e, através de um pré experimento de caso único, o aplicativo "Meu Celular, Meu Vício" (MCMV) para smartphones com sistema operacional Android foi desenvolvido com o objetivo de registrar, além dos hábitos de uso, as respostas do teste de dependência de smartphone SPAI-BR e do questionário sócio econômico. A amostra validada pelos parâmetros definidos foi de 66 pesquisados (38% homens, 62% mulheres), 86% solteiros, de todas as regiões do país, em todos os níveis de educação superior (graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado). Os resultados indicam uma prevalência geral da dependência de smartphone de 63% (53% homens, 70% mulheres). O tempo médio de uso do smartphone medido pelo MCMV foi de mais de 6 horas por dia, e em média ocorreram 70 desbloqueios do dispositivo por dia. Também foi registrado o número e o tempo das ativações da tela por curtos períodos (92 vezes ao dia, com duração de 4 segundos cada, em média). Por fim, os cinco aplicativos com maior número de execuções pertencem às categorias de Bate-papo/Comunicação e de Redes Sociais. Contudo, os maiores tempos são registrados nos aplicativos das categorias de Vídeos e Filmes/Séries Online. Este trabalho apresenta ainda, como contribuições no âmbito social, que quanto mais aprofundado forem os estudos sobre a dependência de smartphone, melhores políticas sociais podem ser criadas pelo governo. Na esfera privada, os resultados encontrados permitem ao gestor o desenvolvimento de ações de conscientização para uso adequado do dispositivo. Por fim, na área acadêmica, tem-se as revisões de literatura sobre os principais trabalhos no assunto, bem como os testes de dependência desenvolvidos, o desenvolvimento do aplicativo para coleta de dados e os algoritmos para recepção dos dados coletados. Destaca-se ainda que este é um dos primeiros trabalhos em território nacional a utilizar um aplicativo no smartphone do participante para a coleta dos dados.
DOI:https://doi.org/10.56238/sevened2024.020-005