Resumen
Introdução: O câncer de pulmão é o câncer mais prevalente no mundo, sendo também o câncer de maior mortalidade. O câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) é responsável por 85% dos casos, e está relacionada com metástases ósseas, no sistema nervoso central (SNC), e fígado. Sabe-se que boa parte das mutações envolvidas no desenvolvimento de CPNPC é a mutação no gene do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), levando a produção do EGFR com ativação permanente, e assim, gerando um descontrole sobre as vias de crescimento celular. Dessa forma, foram desenvolvidos fármacos capazes de bloquear o receptor EGFR mutado e reverter a ativação constitutiva do receptor. Atualmente, os fármacos disponíveis com esta capacidade são os inibidores de tirosina-cinase (TKIs), entre eles o osimertinib (TKI de terceira geração), que possui a capacidade de ação em mutações EGFR T790M, e penetração sobre a barreira hematoencefálica, permitindo o tratamento de metástases leptomeníngeas e encefálicas. Atualmente, o osimertinib é usado em doses de 80mg para o tratamento de CPNPC com metástase em SNC resistentes à TKIs de primeira e segunda gerações, havendo poucos estudos sobre efeitos terapêuticos e colaterais em maiores doses. Dessa forma, o presente relato de caso busca elucidar os efeitos causados pelo Osimertinib 160mg sobre o CPNPC associada a metástase meníngea e compreender os efeitos colaterais observados com o aumento da dose do medicamento. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 53 anos, diagnosticada em 2018 com CPNPC com mutação em EGFR e metástase meníngea. Fez uso do Osimertinib 80 mg, com estacionamento do crescimento tumoral em pulmão e meninge. Em 2020, a dose foi aumentada para 160 mg após desenvolver síndrome meníngea e observar presença de células tumorais em líquor. A paciente desenvolveu reações adversas à medicação e ao aumento de dose. Apresentou piora clínica no final de 2021, evoluindo a óbito em 2022. Conclusão: O Osimertinib 160mg apresenta alta eficácia para o controle de neoplasias e metástases com mutações em EGFR, e efeitos colaterais mais intensos que em dose habitual, sendo necessários demais estudos para compreender a eficácia do medicamento em metástases meníngeas ao longo prazo.
DOI: https://doi.org/10.56238/sevened2024.039-026