Resumen
O objetivo deste trabalho é analisar, a partir da análise funcional do comportamento, ocorrências do chamado “cancelamento digital”, definido como retirada de apoio a determinada figura pública como consequência da reprovação de alguma atitude, fala e/ou posicionamento dela nas mídias digitais. Parte-se da hipótese de que este fenômeno é uma tentativa de controle coercitivo. A partir disso, foram analisados três casos de “cancelamento” de influenciadores digitais: Bruno Aiub, Gabriela Pugliesi e Leonardo de Lima Borges Lins. A metodologia de análise foi a análise de contingência associada à discussão teórica de base comportamental, por meio da qual identificou-se as seguintes contingências dos casos de “cancelamento”: a variação de público consumidor; o conteúdo de comentários em publicações; e as medidas legais e financeiras. Tais contingências serviram de analisadores das consequências dos comportamentos dos “cancelados”. A partir desta análise, conclui-se que há inconsistência na aplicação de consequências aversivas, bem como houve a continuidade de comportamentos semelhantes ao “cancelado” em dois dos três casos analisados. Dessa forma, o “cancelamento digital” pode ser entendido como ação coercitiva, controlada por outras consequências além da mudança comportamental, com resultados imprevisíveis no comportamento de quem é cancelado e com incidência de efeitos colaterais que mantém o padrão comportamental alvo do “cancelamento”.
DOI:https://doi.org/10.56238/sevened2024.031-001