Resumen
Introdução: A Paracoccidioidomicose (PCM) é a micose sistêmica mais prevalente da América Latina. Apesar disso, a associação com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é pouco descrita. A infecção pelo HIV tem sido reconhecida como fator que modifica a história natural das doenças fúngicas, dentre as quais a PCM está incluída, sendo observadas particularidades clínicas e maior gravidade. Métodos: Foram avaliados os achados clínicos, epidemiológicos e evolutivos da PCM em 21 pacientes coinfectados com HIV, atendidos em um hospital brasileiro de ensino, entre janeiro/2000 e dezembro/2023. Resultados: Dos 21 pacientes estudados, 14 (66,7%) eram homens. A média de idade foi de 37,04 anos. Treze (61,9%) pacientes referiram residência em área rural, atual ou prévia, e 5 (23,8%) deles desempenhavam atividades agrícolas na ocasião do diagnóstico. Treze (61,9%) pacientes eram tabagistas e 7 (33,3%) eram etilistas. Para 57,14% dos casos, a PCM foi a primeira manifestação da Aids. A média da contagem de linfócitos T CD4+ foi de 90,8 células/mm3. A maioria dos pacientes (12; 57,14%) apresentou concomitância de manifestações das duas formas clínicas clássicas da PCM. Anfotericina B foi o tratamento mais utilizado, em terapia única, combinada ou sequencial (14 pacientes; 66,7%). Dezoito pacientes (85,7%) apresentaram boa evolução com o tratamento administrado. A mortalidade foi de 14,3% dos casos, sendo 2 óbitos (9,5%) atribuídos à PCM. Conclusões: Este estudo corrobora a existência de particularidades na coinfecção HIV-PCM, com maior gravidade e sobreposição de formas clínicas, além de amplo diagnóstico diferencial em nosso meio, necessitando diagnóstico e tratamento precoces.
DOI:https://doi.org/10.56238/sevened2024.029-037