Abstract
Thomas Mann, um dos maiores escritores da literatura alemã e universal, dizia em seu exílio nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial: “Eu sou a Alemanha”. Afastado da sua pátria, fazia oposição ao nazismo. Do outro lado do Atlântico, enviava mensagens para o seu povo, numa tentativa de se fazer presente e de libertar os alemães daquele regime. Sonhava em voltar para o seu país. Depois da guerra, não voltou porque lá certamente não se sentia em casa.
Há dois mil anos, Jesus Cristo dizia: “Eu sou o Reino de Deus”, “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou no meio deles.” “O Reino de Deus está em vocês.”
Assim como os alemães esperaram pela volta de Thomas Mann, também os cristãos, há dois mil anos, esperam pela volta de Cristo. O escritor alemão certamente já voltou para a sua pátria e para os alemães de acordo com o seu sonho de um país democrático. O mestre volta para a sua nação quando nela se sente em casa.
No caso cristão, o mestre ainda não voltou. Será que não voltou porque não quer ou porque não encontra um espaço sequer, no qual se sinta em casa e no qual pudesse repousar a cabeça, um espaço do tamanho de um grão de mostarda, um espaço mínimo que corresponda ao país de seus sonhos, um espaço do tamanho de Nossa Casa, o Reino de Deus, no qual dois ou mais estivessem reunidos em seu nome?
Se Cristo afirma “eu sou o Reino de Deus” e pede aos seus discípulos que façam o mesmo, não é verdade que o mestre só pode voltar quando um de seus discípulos transformar o espaço da sua casa numa unidade mínima do Reino de Deus e, assim, afirmar “eu sou o Reino de Deus” de acordo com o sonho de seu mestre?
Está aí a diferença entre o mestre e o discípulo: O mestre é a obra da qual fala. O discípulo fala da obra do mestre, mas ainda não está à altura de se transformar na obra da qual fala o mestre, o Reino de Deus.
DOI:https://doi.org/10.56238/aboreducadesenvomundiv1-059