Abstract
Em todos os níveis educacionais, os manuais científicos e os materiais didáticos apresentam as teorias científicas e os conhecimentos técnicos como informações validadas pela ciência e com bom grau de confiança dentro de cada campo científico, sugerindo o estágio mais avançado do conhecimento. Em essência, a ciência busca explicações verdadeiras sobre os fenômenos observáveis, porém a partir de uma perspectiva falibilista, o empreendimento científico não possui meios para garantir a sua veracidade, trabalhando apenas com teorias aproximadamente verdadeiras. O conhecimento científico existe, mas é provisório. O problema emerge quando os livros didáticos e os manuais científicos apresentam essas teorias não como algo provisoriamente aceito pela comunidade científica, mas como conhecimentos quase inquestionáveis, cuja disseminação adota uma postura dogmática e doutrinária. Nos moldes como a educação está instaurada em nossa sociedade, ela surge como um instrumento institucionalizado pelo qual, desde as crianças até os especialistas, a memorização do conhecimento é priorizada frente à liberdade de pensamento e ao estímulo ao raciocínio crítico, pela utilização desses materiais e livros científicos. A conclusão deste trabalho sugere que, uma vez que não há maneiras de garantir a veracidade de uma teoria científica, apenas seu caráter provisório pela boa confiança em seus resultados vigentes, os materiais didáticos, independentemente do nível educacional, devem apresentar as teorias científicas a partir da visão falibilista da ciência, buscando o estímulo ao racionalismo crítico, à liberdade de pensamento e ao poder criativo.
DOI:https://doi.org/10.56238/sevedi76016v22023-126