Abstract
O presente trabalho propõe uma leitura da formação dos sujeitos nos espaços de socialização da obra O ano em que Pigafetta completou a circum-navegação (2013), de Luís Cardoso. Pretende-se investigar o drama dos personagens exilados, como eles se posicionam, a partir de que valores, desejos e até mesmo a do próprio autor em seu modo de narrar, ao reter certas coisas, silenciar e adicionar outras no jogo da escrita. Ressalta-se que os fatores ideológicos poderão influenciar e encobrir a cumplicidade do autor com seus personagens, à revelia conservadora dos bens de produção da cultura imposta pela ordem das relações de poder colonial. O texto busca apoio teórico em Bachelard (1988), Agamben (2010), dialogando com outras áreas do conhecimento interdisciplinar. A análise da narrativa Luís Cardoso nos mostra que a tensão entre a autonomia como característica da modernidade face à preceitos convencionais, a luta para a construção da consciência de minoria e a conquista de novos territórios resiste, na maioria das vezes, através da linguagem e da transgressão de normas e valores.
DOI:https://doi.org/10.56238/sevedi76016v22023-125