Abstract
O objetivo do presente trabalho é descrever uma experiência de gestão do cuidado em saúde do trabalhador, com base no acolhimento às situações de adoecimento mental de docentes durante o período de pandemia da COVID-19. Trata-se de um estudo descritivo, tipo Relato de Experiência, a partir dos atendimentos realizados pela enfermeira, gestora de um programa institucional destinado a atender às demandas por perícia médica, durante os anos de 2020 e 2021. O programa faz parte das ações em saúde do trabalhador da área de Recursos Humanos de uma universidade pública, localizada na Bahia. A universidade conta com 1.151 servidores do quadro permanente, sendo 780 na função de docentes. A experiência deu-se através do acompanhamento de docentes durante o período de licença por adoecimento mental, que individualmente são acolhidos, orientados e informados sobre o processo de Licença para Tratamento de Saúde. Os resultados apontam que a gestão do cuidado realizada pela enfermeira nesses casos não é só direcionada a orientar e informar, mas também acolher o docente em sofrimento e adoecimento psíquico com escuta qualificada - tecnologia indispensável na perspectiva desse cuidado, tendo a empatia como ferramenta do processo, que busca construção de vínculo, produção de acolhimento, respeito à diversidade e à singularidade no encontro dos sujeitos. Nos acolhimentos, os sentimentos experimentados pelos docentes em sofrimento psíquico nesse período pandêmico foram de medo, angústia e insegurança. O impacto das medidas sanitárias, principalmente o distanciamento e isolamento social, somado às circunstâncias do trabalho remoto foi fator contributivo para o desencadeamento de situações de sofrimento psíquico. Algumas ações institucionais foram realizadas para dirimir essas e outras vulnerabilidades docentes. Foi possível, assim, perceber o quanto o suporte institucional foi indispensável na gestão do cuidado ao docente em sofrimento psíquico que demandou Licença para Tratamento de Saúde, de modo que ele pudesse dedicar toda atenção para o restabelecimento de seu equilíbrio biopsicossocial. Reafirmando-se assim, que o acolhimento é um dos instrumentos eficazes para a reabilitação psicossocial. Por meio dele, as pessoas em adoecimento mental podem expor aos profissionais de saúde suas angústias e necessidades, tornando-se um momento de criação de vínculo, confiabilidade, aceitação e até mesmo esperança.
DOI:https://doi.org/10.56238/ciesaudesv1-054