Corpo, imagem e memória de repetição no autismo

Autores

  • Cleuber Cristiano de Sousa
  • Joana de Vilhena Novaes

Palavras-chave:

Psicanálise, Autismo, Imagem, Memória de repetição, Corpo.

Resumo

Introdução: Existem necessidades vitais que fazem que continuemos mesmo quando estamos desgastados ou sem uma expectativa clara de alcance de alguma transferência para algum objeto externo. Diferente do senso comum, as exigências da vida não vêm do que queremos do mundo exterior, ou seja, das nossas aspirações materiais. O Exterior nos deprime, mas não nos causa melancolia. O que nos exige pulsão vem de dentro, do corpo próprio vivido. Para Jerusalinsky (2012), a busca repetida pela transferência no autismo constitui fragmentos designados como objetos parciais. Ainda relativiza a totalização imaginarizada, sendo que prescinde a ser somente aquele agente que mora do outro lado do espelho (agente materno). Objetivos: O objetivo deste trabalho é apresentar o corpo como memória de repetição no Autismo e quais seriam as consequências advindas de colocar este corpo em relação com o mundo interno e externo, com os espaços, os outros e a si próprio. Metodologia: Na análise de discurso, utilizamos como dispositivo teórico-analítico o movimento e a relação. Assim, a produção de sentidos é compreendida nas comparações, relações, dissonâncias, aproximações e deslocamentos. É no acontecimento e na análise de outras materialidades (não linguísticas) que apresentaremos os resultados. Resultados: As vivências experienciais da infância e as relações entre mãe e bebê são primordiais para a constituição subjetiva e a produção de sentidos na formação do psiquismo. A vida afetiva, as emoções, as identificações e o fortalecimento dos laços de pertencimento social se encontram ancorados nesta fase e de lá emanam todos os fios que enlaçam o conteúdo inconsciente. O estudo de caso da mãe A.S. e sua relação com o pequeno R.A. demonstrou que a criança com autismo se constitui nas identificações primária e secundárias regressiva e parcial, com uma singularidade própria constituídas na repetição. Os conteúdos simbólicos e imaginários para recordar e repetir se repetem sem sucesso na elaboração. Conclusão: Este trabalho se debruçou nas considerações lançadas dos estudos de Merleau-Ponty (2011) sobre o corpo que habita o mundo e faz dele um mundo vivido. Todas as premissas sobre a vida afetiva, formação do psiquismo e inconsciente são advindas dos estudos de Sigmund Freud e os psicanalistas sucessores que afirmaram ou refutaram seus escritos, contribuindo para que a psicanálise se tornasse uma teoria em processo. O estudo de caso apresentado neste trabalho é sobre o pequeno R.A., de quatro anos e sua mãe, a sua história pessoal e a constituição de um corpo subjetivo na memória de repetição.

DOI: https://doi.org/10.56238/homeIVsevenhealth-003

Publicado

2024-06-04