Resumo
Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional, devido ao novo coronavírus 2019 (nomeado definitivamente em 12 de fevereiro de 2020 como COVID-19). Inicialmente, a infecção por Covid-19 não parecia afetar a população pediátrica, com poucos casos relatados, morbidade e mortalidade insignificantes e geralmente assintomáticos. No entanto, posteriormente, o Sistema Nacional de Saúde (NHS) da Inglaterra emitiu um alerta sobre novas manifestações clínicas da COVID-19 em crianças, que podem estar temporariamente ligadas a uma infecção anterior por SARS-CoV-2 e determinadas pelo histórico de exposição, sorologia ou detecção viral por RT-PCR, descrita como uma síndrome inflamatória pediátrica multissistêmica temporariamente associada à SARS-CoV-2 (MIS-C). Este artigo relata o caso de um paciente do sexo masculino, de 3 anos e 6 meses de idade, neuropata, microcefálico, epiléptico, que procurou atendimento médico com febre persistente e dor abdominal. Os exames laboratoriais mostraram miosite, hepatite, pancreatite, PCR positivo, D-dímero elevado e sorologia para covid-19 com IgM não reativa e IgG reativa, atendendo, assim, aos critérios diagnósticos de MIS-C. Quanto ao prognóstico, a MIS-C é uma doença perigosa e potencialmente fatal. A taxa de mortalidade estimada para a MIS-C está entre 0% e 5,3%, o que é considerado baixo, mas muito maior do que a taxa de mortalidade geral para crianças com COVID-19 (0,09%). O tratamento depende da gravidade da doença, do risco de complicações e da possibilidade de acompanhamento, sendo que a maioria dos pacientes necessita de hospitalização.